Economia

Presidente do BC, Ilan Goldfajn

Causou irritação dentro do governo o resultado da pesquisa mensal do Banco Central (BC) sobre os juros bancários, divulgada na segunda-feira 26. Em fevereiro, pelo segundo mês consecutivo, as taxas de juros cobradas de consumidores e empresas subiram, num contexto em que a taxa básica (Selic) não para de cair – está em 6,5% ao ano, o menor patamar da história. Três dias depois, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, anunciou uma redução drástica no recolhimento dos depósitos compulsórios. Trata-se do dinheiro que os bancos são obrigados a deixar guardado, sem poder emprestar aos clientes. A alíquota dos depósitos à vista caiu de 40% para 25%; a dos depósitos da poupança de 21% para 20%; e no caso da poupança rural, de 24,5% para 20%. “O impacto agregado das medidas pode ser estimado em R$ 25,7 bilhões devolvidos ao Sistema Financeiro Nacional”, escreveu o BC, em nota, ao divulgar a medida.

Em tese, com mais recursos para emprestar, os bancos poderão cobrar menos juros de seus clientes. Há, no entanto, o risco de as instituições comprarem títulos públicos em vez de ofertar mais crédito. A decisão sobre se este dinheiro vai para a população ou para o governo vai depender dos tesoureiros. No mercado financeiro, o sentimento geral é de que o BC está preocupado com o ritmo lento da atividade econômica, não restringindo o seu olhar às questões inflacionárias. Na pior das hipóteses, se os bancos preferirem comprar mais títulos públicos, haverá um efeito secundário de queda na curva de juros do mercado. De uma forma ou de outra, o BC declarou guerra aos juros altos.
Fonte: IstoÉ Dinheiro/Leonardo Motta, Luís Artur Nogueira