Tecnologia
Declarações de Zuckerberg, fundador do Facebook, vieram 5 dias após escândalo e não refletiram gravidade da crise de confiança
O Facebook anunciou nesta quarta-feira, 4, que vai mudar os termos de uso da rede social, bem como sua política de uso de dados, nas próximas semanas. Segundo a empresa, o novo texto das políticas será disponibilizado hoje e ficará disponível para receber comentários dos usuários pelos próximos sete dias. Depois, a empresa pretende incluir algumas das sugestões. O texto final das novas políticas devem ser divulgados nas próximas semanas e o Facebook vai pedir que os usuários aceitem os novos termos para continuar a usar a rede social.
Em postagem no blog oficial, Erin Egan, vice-presidente de privacidade do Facebook, afirmou que o objetivo das políticas é detalhar para os usuários como a rede social funciona. “Nós explicamos os serviços que oferecemos numa linguagem mais fácil de as pessoas entenderem”, afirmou a executiva. “Não estamos estabelecendo novos parâmetros para coleta, uso ou compartilhamento de dados e não mudamos as preferências de privacidade que os usuários fizeram no passado.”
Uma das principais mudanças está relacionada ao tamanho dos termos de uso e da política de dados, que ficaram mais longos do que costumavam ser. Segundo o Facebook, isso foi necessário devido ao detalhamento da política. Contudo, considerando que muitas pessoas sequer leem o documento antes de aceitar para não perder tempo, isso pode reduzir ainda mais o interesse dos usuários. A mudança acontece uma semana após o anúncio dos novos controles de privacidade, uma das primeiras medidas da rede social para conter a crise.
Mudanças. Os novos termos de uso foram atualizados para conter informações sobre recursos recém-lançados pelo Facebook, que não estavam descritos nos termos de uso quando a empresa fez sua última atualização, em 2015. Entre os recursos que foram incluídos está a ferramenta de maketplace, que permite comprar e vender produtos por meio da rede social e o compartilhamento de fotos e vídeos em 360 graus.
Além disso, o Facebook também detalha as informações sobre como personaliza o que é exibido aos usuários e quais dados seu algoritmo considera para fazer isso. A empresa também explica como seus dados são usados para sugerir novos grupos, amigos e páginas.
“Nós nunca venderemos suas informações para qualquer pessoa ou empresa”, afirmou Erin, na postagem. “Nós temos a responsabilidade de manter os dados das pessoas seguros e nós impomos restrições na forma como nossos parceiros podem usar e compartilhar dados.” Segundo a executiva, a nova política de uso de dados explica como os dados são compartilhados com terceiros. A empresa também explica como os dados são usados para exibir anúncios na rede social.
Integração. A nova política de dados também fala sobre como o Facebook e outras empresas do grupo — como WhatsApp, Oculus e Instagram — compartilham informações, serviços e infraestrutura. Segundo a empresa, a partir de agora, os usuários do Instagram estarão sujeitos à mesma política de uso de dados do Facebook, assim como o aplicativo de mensagens Facebook Messenger.
A empresa também incluiu nos novos termos mais informações sobre como usa informações coletadas pelo dispositivo. Trata-se de uma resposta à recente polêmica em torno da coleta e uso de informações como histórico de ligações e mensagens de texto SMS, que o Facebook teve acesso em dispositivos de usuários com sistema operacional Android.
Repercussão. Para Pablo Cerdeira, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), as mudanças deixam o texto dos termos de uso mais claro, mas não serão necessariamente efetivas, já que a maioria das pessoas não lê os documentos antes de se cadastrar numa rede social. “O público em geral continuará não lendo os termos. É como bula de remédio.”
Já a pesquisadora do centro de estudos em direito e tecnologia Internet Lab, Jacqueline de Souza Abreu, vê um “esforço genuíno e importante” do Facebook para esclarecer como os dados pessoais são utilizados por rede social e por terceiros. “O usuário não pode hoje escolher, por exemplo, que seus dados sejam usados para pesquisa e não para publicidade.”
Fonte: Por Claudia Tozetto e Bruno Capelas – O Estado de S. Paulo