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Empresas demonizam tristeza e investem na felicidade de empregados.

Infelicidade custa caro. Mais exatamente, uns US$ 500 bilhões (ou R$ 1,7 trilhão) por ano para empresas americanas.

felicidade

A medição foi feita recentemente pelo instituto de pesquisa Gallup, e se refere à falta de compromisso/motivação do empregado em relação à empresa onde trabalha.

Em nome do lucro, portanto, o bem-estar do funcionário passou à pauta. Empresas gastam milhões com programas motivacionais e tentando entender o que causa a felicidade, e o escritor William Davies decidiu dedicar dois anos de sua vida à pesquisa do tema.

No livro “The Happiness Industry: How the Government and Big Business Sold us Well Being” (em tradução livre, “A indústria da felicidade: como o governo e grandes empresas nos venderam bem-estar”), Davies chama a atenção para a forma como nossas emoções têm sido manipuladas por Estados e empresas a fim de que, felizes, nos entreguemos ao trabalho de forma mais dedicada.

No livro de 320 páginas, ele questiona ainda se a vilanização da tristeza é saudável.

Davies argumenta que precisamos ser honestos a respeito da fonte de nossos estresses: muitas vezes, tais sensações incômodas partem das próprias empresas.

Trata-se na verdade de um paradoxo: as condições de trabalho criam boa parte de nossa infelicidade e as empresas, sem mexer nas condições de trabalho que tanto nos sufocam, buscam produzir felicidade a todo o custo a fim de que rendamos mais e mais e, assim, continuemos empregados.

Por outro lado a tristeza é parte fundamental de nossas vidas e não deveria ser demonizada, especialmente para fins de lucro e produtividade.

O autor explica que a indústria é capaz de medir felicidade das mais variadas formas.

Algumas empresas americanas, em nome da produtividade, começam por exemplo a demitir os 10% “menos felizes”; há aquelas nas quais o fluxo de e-mails entre funcionários é avaliado por algoritmos a fim de entender quem é mais e quem é menos feliz.

Ele cita ainda vários outros aplicativos e engenhocas que permitem atribuir um coeficiente de felicidade a cada um, além de diversos programas que as empresas criam para monitorar o estado emocional e até nutricional dos seus funcionários.

Fonte: Folha de São Paulo, por Milly Lacombe, 11.08.2015 – http://www.granadeiro.adv.br/clipping/noticias/2015/08/11/empresas-demonizam-tristeza-e-investem-na-felicidade-de-empregados